Presidente diz que conversou com Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia sobre possibilidade de reverter no Congresso eventual decisão da Aneel retirando incentivos da Geração Distribuída.
Bolsonaro diz que não haverá taxação sobre energia solar
Bolsonaro disse ainda que tratou do assunto com os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, e que os três entraram em um acordo para reverter no Congresso eventual decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no sentido de taxar a geração própria de energia.
O assunto passou a gerar polêmica em 2019, desde que a Aneel anunciou que estudava a retirada de incentivos para quem adere à chamada Geração Distribuída, sistema que permite aos consumidores produzirem a própria energia, normalmente por meio do uso de painéis solares.
Hoje quem gera a própria energia fica isento do pagamento de algumas taxas pelo uso do sistema elétrico. A Aneel defende a retirada desses incentivos sob o argumento de que os custos estão sendo suportados pelo restante dos consumidores, que não geram a própria energia, e de que o investimento para a instalação dos painéis solares já caiu consideravelmente.
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“Então está definido, está sepultado qualquer possibilidade de taxar energia solar”, afirmou o presidente, que disse ainda que a posição de seu governo é de “tarifa zero” para a geração própria de energia.
No domingo (5), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, comentou, por meio de uma rede social, vídeo publicado por Bolsonaro e que defendia a não aplicação de taxa sobre a produção própria de energia por meio dos painéis solares.
Maia disse que concorda “100% com ele (Bolsonaro)” e defendeu que o Congresso trabalhe para evitar a taxação.
“Concordo 100% com ele e vamos trabalhar juntos no Congresso, se necessário, para isso não acontecer”, disse o presidente da Câmara.
Procurada, a Aneel informou que não vai comentar as declarações do presidente Jair Bolsonaro. A agência disse que “compete ao órgão regulador executar as políticas emanadas do Governo Federal e do Congresso Nacional. As instituições hão de continuar trabalhando de maneira harmônica para o progresso do setor elétrico e do Brasil.”
Como funciona incentivo
Quando um consumidor adere à Geração Distribuída, passa a produzir energia em casa ou no trabalho.
Essa energia pode ser consumida imediatamente ou então ser transmitida para a rede da distribuidora e compensada depois. Nesse caso, a rede da distribuidora acaba funcionando como uma bateria.
A regra atual prevê incentivos para quem participa desse sistema, entre os quais a isenção do pagamento de tarifas pelo uso do sistema elétrico. Porém, outros consumidores acabam bancando esses incentivos.
A Aneel argumenta que o objetivo da mudança é evitar que o custo desses incentivos seja repassado aos demais consumidores.
Segundo a Aneel, em 2018 esse custo foi de R$ 205 milhões, em 2021 chegaria a R$ 1 bilhão, em 2025 a R$ 3 bilhões e, em 2027, R$ 4 bilhões por ano.
No fim de outubro, a Aneel anunciou que decidiu não alterar os contratos de quem já gera a própria energia. Com a decisão, os contratos já assinados e os firmados até a mudança da regra (prevista para o primeiro trimestre de 2020) não seriam impactados. Assim, quem instalar o sistema hoje ficará 25 anos dentro das regras atuais.
Bolsonaro disse, ainda nesta segunda, que a posição de seu governo sobre a questão da Geração Distribuída já está definida por ele e que “nenhum ministro, secretário, ninguém mais fala no assunto.”
“Está proibido falar no assunto. O governo não participa de qualquer reunião mais para tratar desse assunto”, disse.
Fonte: G1