Céu nublado? Curitiba caminha para ser polo de energia solar no Brasil

Painéis solares em cima da prefeitura de Curitiba.
Painéis solares em cima da prefeitura de Curitiba.| Foto: Pedro Ribas/SMCS

 

À primeira vista seria difícil convencer um morador de Curitiba a investir em energia solar. O clima predominantemente nublado ao longo do ano, especialmente nos meses de inverno, nos remete a ideia de que o aproveitamento desse tipo de recurso não seria muito útil por aqui. Na prática, porém, cada vez mais pessoas têm aderido ao uso das placas fotovoltaicas na capital paranaense que, ao contrário da impressão inicial, tem um grande potencial para a geração de energia limpa captada a partir do sol.

Surpreendentemente, nossa cidade têm alta incidência de raios luminosos, acima, por exemplo, de Salvador, conhecida pelos dias ensolarados ao longo do ano. Na geração de energia solar, o clima quente em si entra como um fator secundário, como explica Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). “O fator mais relevante para a geração de energia solar fotovoltaica é o índice de radiação. Então se tivermos duas localidades ou dois sistemas, que têm exatamente o mesmo índice de radiação, ou seja, estão recebendo a mesma quantidade de radiação solar, aquele que estiver com uma menor temperatura vai gerar mais eletricidade. O mais importante efetivamente é a quantidade de radiação solar que está chegando até o sistema.”, diz.

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Entre 2019 e 2020 Curitiba registrou um aumento de 50% na potência instalada, passando de 6,6 para 9,9 megawatts. Os investimentos acumulados ao longo dos últimos 12 meses na geração de energia solar na capital foram de mais de R$ 60 milhões com a criação de aproximadamente 300 empregos, de acordo com dados da própria Absolar.  “Curitiba tem condições favoráveis para a produção de energia fotovoltaica”, garante Sauaia. Ainda de acordo com o executivo, a energia solar pode ser uma ferramenta importantíssima para alavancar a atração de investimentos, a geração de emprego, de renda e até a arrecadação nesse período de reconstrução, em razão da pandemia. “Faz bem não só para o bolso do cidadão, gerando oportunidade de emprego e renda, como também para o meio ambiente”, afirma.

Alguns fatores como o aumento seguido das tarifas de energia elétrica, a redução nos custos da tecnologia de geração de energia solar e a maior disponibilidade no fornecimento de linhas de crédito para financiamento têm contribuído para o crescimento da modalidade. Os reajustes tarifários, por exemplo, têm ocorrido normalmente acima dos índices de inflação, fazendo com que a energia elétrica represente uma fração cada vez maior nos custos mensais das famílias e das empresas, explica Sauaia. “Hoje, por exemplo, na média, o segundo maior custo operacional de muitas micro e pequenas empresas do segmento de comércio e serviços já é a energia elétrica, logo depois da folha salarial. E aí por conta disso, as empresas e os consumidores residenciais têm buscado alternativas e soluções para poder aliviar esse orçamento. Nessas situações a energia solar fotovoltaica desponta justamente como uma solução cada vez mais viável e competitiva para a sociedade”, reforça.

De 2019 para 2020, a geração fotovoltaica centralizada  – gerada por grandes centrais – teve um aumento de 18% no Brasil, mais ainda é responsável por apenas 1,6% da matriz elétrica brasileira, gerando 2,9 mil megawatts até o início de julho deste ano. Neste cenário, o Paraná tem um lugar de destaque, respondendo por 9% desta potência instalada, ocupando a quarta colocação no ranking nacional perdendo apenas para Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, mas a frente, por exemplo, dos estados do nordeste. Fatores como a centralização na distribuição da energia e a facilidade no acesso ao crédito são apontados como determinantes para essa posição.

“A região Sul do Brasil tem tido uma participação importante das cooperativas de crédito, ajudando a trazer recursos para viabilizar projetos solares”, diz o presidente da Absolar, que indica ainda as questões culturais da região como outro fator importante para potencializar esses investimentos. “Existe essa cultura de mais autonomia, independência e inovação. De enxergar a energia solar não como um custo, mas como um investimento de médio e longo prazo que volta para o bolso do consumidor e da empresa. A combinação desses elementos compensa o fato desses estados não terem o melhor recurso solar do Brasil. Além do sol esses outros aspectos fazem a diferença”, conclui.

Fonte: Aqui

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